In-Lex 2016 - page 3

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Na onda da retoma
Na economia pouco se destrói, quase tudo se transforma. O sector dos serviços de advocacia é talvez aquele que mais
reflecte a transformação de valor, na conjuntura que temos vivido desde que o mundo ocidental entrou em abalo
financeiro há quase uma década. A intervenção no BES e mais recentemente no Banif já garantiu negócios e promete
criar mais. As perspectivas ultrapassam largamente o universo limitado dos litígios e heranças das crises. Com a retoma
chegam agora aos escritórios investimentos e fusões e aquisições, numa tendência que se reforçará. Assim o garanta
a estabilidade política e legislativa.
O sector da advocacia e serviços jurídicos passou pela fase mais grave da crise quase sem a sentir. Nos tempos em
que Portugal viveu em recessão, as reestruturações e insolvências foram garantindo trabalho. Mas essa foi também a
oportunidade para as maiores sociedades de advogados apostarem na internacionalização, aproveitando a onda de
investimento estrangeiro em Portugal e a estratégia exportadora de empresas portuguesas.
Quando se pensa hoje em exportações tem também de se incluir os serviços das sociedades de advogados. As mais
importantes sociedades portuguesas de advogados estão hoje presentes não apenas nos óbvios mercados lusófonos,
como Angola, Moçambique e Brasil, nem no natural país vizinho, a Espanha, mas também na Alemanha, França, Reino
Unido e China.
As intervenções no BES e no Banif encheram sem dúvida os escritórios de trabalho de litígio com as autoridades de
supervisão ou em defesa delas. Houve até quem contratasse uma sociedade mesmo sem ter ainda qualquer problema,
apenas para se proteger de eventuais acusações. Mas as sociedades de advogados têm actualmente também o típico
trabalho de uma economia que se está a reanimar. Fusões e aquisições, fiscalidade e negócios no imobiliário são as
actividades em alta que se reflectem igualmente nos perfis mais procurados na contratação de novos colaboradores.
Estão instaladas as tendências que reflectem os serviços típicos da recuperação económica. O que preocupa as so-
ciedades de advogados? Na prática o mesmo que pode dar problemas aos empresários e investidores. Para que as
tendências de retoma se reforcem é preciso estabilidade.
TEMPO DE VISÃO
A incerteza e a instabilidade política que têm assombrado o país levantaram novamente a questão: “crise: tema do
passado ou matéria do futuro?”. Esta é a realidade que temos, ainda que não desejada pelos agentes económicos e
sociedades aqui representadas, e que se espera que seja sol de pouca dura. Aos agentes políticos pede-se estabilidade
e bom senso. Os tempos exigem que se olhe à distância, que se perspective o futuro do país com as condições neces-
sárias e facilitadoras de um ambiente favorável para os negócios e para o investimento. Pede-se mais visão e menos
miopia.
O ano de 2015 foi efectivamente um ano de viragem para o sector das sociedades de advogados, espelhado de forma
evidente nesta 11ª edição do In-Lex. Dos tempos difíceis, de uma crise avassaladora sem precedentes, ficaram as mar-
cas, mas não ficou qualquer saudade. O sector animou, fruto da retoma de várias operações nas mais diversas áreas.
Assistimos a um reforço das equipas, à criação de novos projectos societários, ao investimento em instalações novas
e à manutenção da aposta nos mercados externos. Um ambiente mais favorável ao investimento impunha-se e mate-
rializou-se - para o bem dos negócios e do país. As empresas agradeceram, as sociedades de advogados aplaudiram.
Se, por um lado, o ano de 2015 foi considerado positivo pela maioria dos intervenientes, por outro lado as projecções
para 2016 continuam difíceis de perspectivar. Os votos do sector são de continuidade e estabilidade, nomeadamente
política. Mas a realidade pode ser outra.
Na actual conjuntura, de incerteza (global e local), é crítico para as empresas estarem suportadas com um apoio ju-
rídico de excelência – mais do que um fornecimento de serviços, impera o estabelecimento de parcerias sólidas e
estratégicas. À semelhança da área da saúde, é consensual que a aposta é na prevenção – a mais consciente, com
menos riscos e menos dispendiosa para os clientes. A cura, ainda que por vezes inevitável, tem custos superiores e
mais riscos. A palavra de ordem é prevenção – uma advocacia de negócios preventiva. E é disto que trata este anuário,
de sociedades com advogados especializados à altura dos desafios dos clientes. Os parceiros certos estão nas páginas
que se seguem. Haja visão jurídica!
editorial
HELENA GARRIDO
Directora do Jornal de Negócios
joão moura
Director da In-Lex
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